domingo, 28 de setembro de 2008

Aparência x Essência



Continuarei a discussão do post anterior mas serei breve.
Ao meu ver o Belo na Dança do Ventre é uma união de fatores:boa aparência (não confundem com padrão de beleza), técnica, humildade, elegância, ética, personalidade e carisma.

Quanta coisa!! É mesmo... mas me respondam:
O que adianta a bailarina ser linda, ter uma roupa linda e falhar na técnica?
Ou a bailarina dançar bem, mas não ter carisma? Ou não ter ética, elegância e etc?
O pior ainda é o Ego, e o que seria isso?

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Poucos sabem, mas trabalho num escritório de design a RS2, e desenvolvi umas capas pro Roberto Shinyashiki, já tinha lido 2 livros do cara, e agora fui atraída pra ler outro, um que me ajudou a colocar minhas idéias e objetivos em dia:

Se vivemos num mundo de culto ao Ego e as aparências, como podemos viver sendo nós mesmos? Ninguém assume o que não sabem e fingem saber o que não sabem - oooohhhh que rolooo!! Mas é assim...
Quando assumi o que quero fazer de verdade, minha família levou um baque, mas depois entenderam, porque viram que eu estava infeliz.

O EGO é diferente da Essência. O ego quer admiração, aceitação e segurança. Enquanto a essência quer a satisfação da alma, verdade, paz e simplicidade.

Será que deixamos de fazer o que sonhamos e o que temos aptidão pra enquandrar num padrão? E vocês profissionais da dança, quantas vezes o ego falou mais alto, ou mudou seu estilo de dançar para enquadrar no estilo comercial? Ou deixou-se levar pelas competições de ego, pela vaidade e até medo? Será que é isso mesmo que são e desejam?

Para finalizar escreverei um trechinho do livro:

"... assumir nosss objetivos exige muita coragem em um mundo que quer definir o que é sucesso.
Assumir nossos sentimentos exige muita coragem em uma sociedade que nos pressiona para sorrir o tempo todo.
Assumir nossos erros exige muita coragem em um mundo que parece feito de pessoas que sempre ganham todas...
Assumir nossa ignorância exige muita humildade nesse mundo de quem sabe tudo..."

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Afinal o que vem a ser o Belo?


Estética - Belo - Beleza: podem ser substantivos ou adjetivos. Substantivos quando se fala em uma área da Filosofia, que é a Estética e adjetivo quando usado para classificar algo em algo ou alguém.
O nosso mundo é de aparências, não posso afirmar 100%, mas uns 95,0505...% se preocupam muito mais com o que os outros vão pensar de sua imagem do que com seus próprios sentimentos. E somos bombardeados por padrões de beleza, de vida, de lazer, de ideologias, de profissões e assim, ao percebermos, não estamos vivendo o que acreditamos ser o certo, e sim o que querem e pensam ser o correto para nós.
Onde quero chegar? No padrão da beleza, e o que vem a ser o Belo e a Estética na dança do ventre.

Acho que ser magra, é mais que elegância é saúde, não só para quem dança. Corpo saudável não é o magérrimo, falando nisso, alguém viu a reportagem que mostrava as modelos com altos índices de colesterol?
Ser saudável é ter o corpo que respeita sua formação, sua estética natural. Eu por exemplo nunca terei o corpo da Gisele, porque meu biotipo é coxas grossas, pernas curtas e quadril largo. Não sou gorda, mas não sou magérrima. Simplesmente tenho e gosto do meu corpo do jeito que é e só mantenho o peso.

A beleza está na nossa aceitação, na paz mental e espiritual, é estarmos bem conosco e com o mundo. Afinal de contas, ninguém aguenta uma pessoa pessimista e reclamona por muito tempo, não é mesmo?

Algumas definições dentro da filosofia:

1)Na Filosofia, a Estética é o estudo do Belo. Hoje, socialmente, está ligada e é sinônimo de beleza (padrão).

2) Antes, a beleza era entendida como um ideal de perfeição. Tudo era feito racionalmente.

3)Estética = Clássico - na Grécia. É a métrica, a proporção, era a beleza idealizada.

4)Estética vem do grego "aisthetikós" e quer dizer perceber, sentir. Então, ao pé da letra, é o estudo das sensações. Está ligada tabém aos atributos de força e bondade. Para Platão estava na verdade e no bem, e Sócrates afirmava que o belo era aquele que cumpria sua finalidade.

Vejo tantas mulheres que procuram a dança do ventre e ficam muito preocupadas em mostrar o corpo. Dizem que são gordinhas, tem celulites, tem barriga, tem vergonha... e quantas de nós profissionais, também não caimos nessas armadilhas?

Será que o público se impressiona mais com a estética apresentada por uma bailarina, ou pelo seu sentimento, carisma ou pela sua técinca? Ou é tudo junto, um influencia o outro? Deixarei em aberto e no próximo post continuo essa discussão, porque é bem grande.
O livro base é esse, "Imagem também se lê" - recomendo:

Os segredos de Albert Einstein em São Paulo

Antes de mais um post dançante queria apenas avisar que a exposição sobre a vida e obra de Albert Einstein, começou hoje. E o mais legal é que quem criou os painéis da exposição foi o pessoal do escritório em que trabalho, a RS2. É um tesão, ver o que criamos na tela do computador em tamanho real. Eu apenas fiz as facas kkkk. E descobri muito mais coisas sobre o cara, um verdadeiro gênio, bem a frente de sua época.

Quem estiver mais interessado, os links abaixo dão mais informações:
http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL770166-16020,00-CIENCIA+E+ARTE+SE+MISTURAM+EM+HOMENAGEM+A+ALBERT+EINSTEIN.html

domingo, 21 de setembro de 2008

Último Tango em Paris



Ontem fui com minha amiga Laís assistir o Festival do Cinema Italiano no HSBC e assistimos o clássico Último Tango em Paris - passeio bem típico dos paulistanos num sábado frio e chuvoso. Antes ficamos horas no Starbucks e vimos cursos de línguas fora do Brasil: Quero muito estudar espanhol e inglês, na Argentina e no Canadá!! Mas isso é outro assunto.

Fomos com uma idéia do filme, beeeem diferente. Ele é intrigante, forte, alucinado e muito contemporâneo. Imagino o choque que esse filme causou na época, se ontem todos ficaram chocados. Saimos discutindo o bendito filme, eu não sabia dizer se havia gostado ou não, preferi analisar, e hoje dizer que curti.

A fotografia, a música, o roteiro, os closes, as cenas, as interpretações estão nota 10, o filme consegue prender a atenção e deixar qualquer um angustiado, porque ele leva a toda hora para um acontecimento que não chega nunca - isso é bárbaro. No começo pensei: que horror - depois fui me envolvendo pelo enredo e prestei atenção em detalhes simbólicos do filme.

Pela época tem influência do teatro e contexto moderno: Becket, Nelson Rodrigues, Futurismo, do autor de Lolita q esqueci o nome - vi até Shakespeare nas cenas, mas principalmente Nelson. E por que Nelson? Porque ele foi um cara que mostrou os verdadeiros sentimentos, angústias e vontades escondiddas, de uma forma contemporânea, irônica e satírica.

Essa é a minha visão desse filme, tenho outras interpretações. Gostei dele por isso, o diretor conseguiu deixar-mos curiosos pela verdadeira razão do enredo e dos personagens, deixou -nos pensando e vamos ainda tirar muitas conclusões. Isso é fantástico.

sábado, 20 de setembro de 2008

Quem é Zahira?

Falarei um pouco de mim. Minha vó jura de pés juntos que meu primeiro passo foi dançando, ela mostra ainda hoje o meu balanço com o bumbum, pro lado pro outro... É fogo! Pra mim é corujisse de vó sabe? Mas ao longo do tempo, sempre me interessei pela dança e queria fazer balé, queria muito ser bailarina. Eu nasci numa família anormal, amoooo meus pais, mas minha mãe, ao contrário das outras, ela não queria me por no balé, e lá fui eu fazer natação.
A dança desde sempre foi e é um luxo, meus pais na época achavam caro e que era um dinheiro jogado fora - Hoje eles valorizam muito a dança e se arrependem- eles preferiram me dar educação, pagaram escola e natação por ser ótimo exercício pro corpo e saúde.
E assim, eu assistia os balés que passavam de madruga de domingo na Globo, lembram? Ficava imitando as bailarinas, e tentava aprender algumas coisa dessa forma. Até um belo dia, aos 11 entrei no jazz - realização total - depois aos 13 no balé - tarde demais, mas pra mim não. Em 6 meses coloquei ponta e entrei pra Cia.
Participei de muuuuuitos festivais, inclusive no Enda, no Estadual e no Nacional de Joinville. Tenho saudades... foi uma época muito boa.



Dei um tempo na dança, fui trabalhar aos 19 anos e não tinha mais tempo. Fui pra faculdade de Desenho Industrial, pensando ser essa a minha vocação. E ao mesmo tempo comecei a fazer teatro - Outra época booooooa demais. E hoje vejo que ele me ajuda muito, artes cênicas é uma "ciência" hiper importante, todas as escolas deveriam ser obrigadas a terem como matéria, assim como a dança e a música.
E outra ilusão: queria ser atriz. Levava jeito viu? rs mas depois minha alma falou mais alto, senti muita saudade da dança, mesmo no teatro, nas aulas de expressão corporal destacava, porque era isso que eu fazia melhor.
Lá fui eu pra dança do ventre e continuo firme e forte, não penso em parar e nem desistir. Continuo estudando, pego meus dvds e passo horas treinando os movimentos que mais tenho dificuldade.Não é porque sou profissional que eu já sei TUDO! Isso é uma outra ilusão.

Descobri que nasci pra ensinar, não é pretensão, todos nós temos uma vocação e mais cedo ou mais tarde descobrimos qual é ela. Hoje faço licenciatura em artes porque tenhos muitos planos pra arte educação, além da dança do ventre. E me realizo toda vez que alguma aluna consegue fazer um movimento. Isso é realização pessoal, era esse "reconhecimento que eu buscava. E todo esse caminho foi muito importante, nada é por acaso, muito menos as pessoas, os lugares e situações que trombam em você.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Respeito


Ano passado fiz uma oficina durante um mês de dança contemporânea, na Olido, com a Cia de Dança Fragmentos, dirigida pela Vanessa Macedo (fera e grande pesquisadora), e senti um leve "estranhamento" para não dizer outra coisa, quando eu disse que era da dança do ventre.
Primeiro que eu era a única sem experiência em dança contemporânea, era do ballet e ainda da dança do ventre. Agora pergunto: Por que essa diferença? Por que não outras procuram outras linguagens para o aprimoramento pessoal?

Penso que pode ser a ignorância das pessoas, pois a maioria liga a dança do ventre à sexualidade, e nós, bailarina, apenas exibimos nossos corpos. Acho até que classificam de: a dança fútil - de todas as outras. Isso é uma suposição.
Pode ser e pode não ser, mas é uma coisa que reflito. Poucas pessoas sabem como suamos para pegar os movimentos na sua essência, como é difícil separar aquela parte do corpo pra movimentar, que existem muitos mestres e mestras que estudam e aprimoram sua dança e o mais importante, e um dos fatores que faz a dança do ventre ser diferente das outras: a eterna "mutação".
Será viagem minha?

Por que o ballet é aquilo, aqueles passos. A dabça do ventre tem os passos básicos, mas quando dançamos, juntamos vários e até criamos outros, para deixar a dança mais rica.
A dança contemporânea é legal porque também tem essa possibilidades, porém ela não respeita o corpo, vocês precisavam ver com quantos roxos eu fiquei naqueles dias.
Mas é isso, quanto mais bailarinas surgirem e excerem a função com respeito, e dedicação, as pessoas de fora também vão olhar de outra forma. Ainda faço um mestrado com o tema envolvendo a dança do ventre.

Ballet é respeitado porque foi criado pelos reis, a dança contemporânea é por ser cult... em fim, porque não respeitar também a dança do ventre?

Por que um blog?


Estou de volta!!
Voltei ao blog para discutir idéias sobre assuntos que me interessam, como: filosofia, artes, design, ética, estética e claro, a dança. Deixo escrito aqui que duas pessoas me empolgaram: Layla Khodair e Luana Melo.
E só o fato de não haver muitas pessoas que discutam esses assuntos, também me levaram a tomar essa atitude.
Não resumo só o mercado de dança do ventre, na dança em geral existem poucas pessoas interessadas em estudar e escrever sobre ela. Quem nunca ouviu o seguinte:
_"Mas você só vai dar aulas de dança? Só vai dançar?" ou "Pra que estudar se você já dança bem? É chegar e dançar, só isso!" - Não! Não é só isso.

Comecei agora a dar aulas, sou inexperiente, mas sei que daqui a alguns anos terei experiência suficiente pra dizer: É assim. Porém, carrego uma expeiência de palco, adquirida do teatro e do balé, (até da pós em arte educação), e hoje vejo que tudo isso contribui, e muito, na minha didática. Preocupo-me na compreensão e interpretação do movimento, na postura e preparação do corpo.

Dançar não é apenas movimentar, é consciência corporal, física, musical. É sentimento, movimento e expressão? É, claro, mas antes é o domínio das vontades do nosso corpo que as vezes são involuntárias, é definir o que vai dançar e expressar, é um estudo coreográfico, um estudo do espaço e da música. Isso é um pacote que vem junto também o eterno estudo das técnicas.

A dança tem o lado terapêutico, prazeiroso... mas quem quer seguir uma carreira de bailarina(o), ou de profesora(o) dessa arte, tem que primeiro estar ciente de tudo isso. Sem contar, que lidamos com seres humanos, ensinar é extrair as potencialidades, pra mim, todos são capazes.