segunda-feira, 18 de maio de 2009

A história da Biodança

Farão dois meses que iniciei a prática da Biodança no meu Estúdio e já vejo resultado nas minhas alunas. Uma delas deixou de tomar os anti depressivos e disse que a dança está fazendo muito bem a elas. Claro que não foi só a Bio que causou isso, ela também faz dança do ventre e hidroginástica, e todo esse trabalho que ela faz pra ela, pro corpo dela, proporciona bem estar, auto conhecimento, auto confiança, elevando a auto estima, a saúde e etc.

E quero dividir com vocês um pouco da história da Biodança, já que percebo que pouca gente conhece. Pelo menos aqui em Caieiras ninguém nunca tinha ouvido falar... então vamos lá?

Referência na pesquisa de Irene Nousiainen

Biodança significa literalmente: a dança da vida. Criada por Rolando Toro, com uma abordagem de facilitação do desenvolvimento humano, a partir de um movimento profundo em favor da vida.O seu modelo teórico e metodológico vem sendo construído nos últimos quarenta anos, tendo seu marco inicial em 1965, quando se deu o início de sua sistematização por Rolando Toro.

Rolando Toro Arañeda, nasceu em 1924, em Concepción no Chile. É psicólogo, antropólogo, poeta e pintor, dentre outras muitas qualidades. Sempre esteve em contato com as artes estudou: fotografia, poesia, pintura, dança e teatro. E seu objetivo maior era criar um "paraíso", um mundo onde todos pudessem ser felizes, amar, respeitar o próximo e o principal - aceitar seu corpo e acariciar o outro sem maldade.

Como diz o próprio Rolando: "a biodanza é um modo de convivência com a beleza...em que o contato é essencial". (Toro, 2002: 9).

Trabalhou em hospitais psiquiátricos e nesse ínterim percebeu que alguns de seus pacientes no início do trabalho, entravam em transe, surgindo modelos universais de expressão relacionados às diversas emoções. Essas observações o levaram à conclusão de que, se a música é capaz de promover este estado, então ela exerce influência no psiquismo e, portanto, ela seria capaz de promover bons resultados.

Foi assim, então, que Rolando Toro pôde estruturar seu trabalho, de modo a relacionar música, movimento e situações de contato e de continente afetivo formando uma unicidade.Rolando, então, criou algumas danças e exercícios a partir de gestos naturais do ser humano, com finalidades precisas, a fim de estimular a vitalidade, a criatividade, o erotismo, a comunicação afetiva entre as pessoas e o sentimento de pertença ao universo, à totalidade.

A pesquisa científica sobre respostas neurovegetativas demonstrou que determinados exercícios promoviam uma ação reguladora em nível visceral, dinamizando ou o sistema simpático-adrenérgico ou o parassimpático-colinérgico. Observou-se, também, que outros exercícios:

"estimulavam emoções específicas que produziam efeitos altamente significativos sobre a percepção de si mesmo e do próprio estilo de comunicação afetiva com as outras pessoas". (Toro, 2002: 10).

A estruturação dessa concepção originou a Psicodança.A partir de então, a Psicodança foi sendo difundida e, em 1970, Rolando foi convidado a criar a primeira disciplina de Psicodança na Pontifícia Universidade Católica do Chile, onde o mesmo ocupava a cátedra de Psicologia da Expressão no Departamento de Estética. Nesse período, acompanhou-o na pesquisa, sua companheira Pilar Acuña, responsável por dar à Biodança um caráter poético.

No Brasil a Biodança chegou em meados da década de 70, e foi o próprio Rolando Toro e sua esposa que iniciaram o trabalho em Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. Ela veio numa época repressiva, libertária... momento importante quando todos buscavam liberdade de pensamento, escolhas, uma época rica em expressões artística e ao mesmo tempo reprimidas pela ditadura, com os grupos: políticos, os hippies, as feministas e etc.

A segunda metade da década de 70 e início dos anos 80, ainda fortemente marcada pela ditadura militar no Brasil, foi palco da perseguição à Biodança e a seu criador, Rolando Toro. Os Conselhos de Psicologia, principalmente da Regional Nordeste, no período de 1979 a 1984, questionaram e perseguiram a Biodança e Rolando Toro porque à época se divulgava que ele era psicólogo.

Roberto Crema, convocado por duas vezes ao CFP - Conselho Federal de Psicologia do Brasil, conseguiu esclarecer a diferença entre Psicologia e Biodança, usando argumentos sobre o Código e da Lei de Regulamentação do profissional de psicologia. À luz da lei, a Biodança jamais poderia ser confundida com a Psicologia.

Mas a luta por mercado e a disputa de poder levaram o CFP a denunciar Rolando Toro com base no Estatuto do Estrangeiro, criado pela ditadura, com a finalidade de expulsar os padres estrangeiros ligados à Teologia da Libertação por ir de encontro aos interesses da elite capitalista e do governo militar da época. Rolando foi então detido em 1982, por quatro horas, sendo solto por encontrar-se com o passaporte validado.

Em sua proposta, a Biodança radicalmente contesta toda e qualquer repressão sexual, levando os "moralistas" e "guardiões da moral" a tentarem de toda forma abortá-la. Alguns outros ainda contribuíram para estabelecer confusão quanto aos propósitos da Biodança, realizando "festinhas" como sendo sessão de Biodança - Biodança do oba-oba.

As pessoas falam que a biodança iniciou-se no Brasil em 1980, porque foi nessa época que ela ganhou mercado, respeito e pretígio, migrando pras outras partes do Brasil: Nordeste e Norte.

Em 19 de outubro de 1982, foi criada, por Rolando Toro e Cezar Wagner, a primeira escola de biodança, a Escola Nordestina de Biodança - ENEB, com sede em Fortaleza. A escolha de Fortaleza deveu-se à sua eqüidistância de todas as capitais nordestinas e, também, por estarem ali, à época, polarizadas as ações de Biodança no Nordeste e de parte do Brasil.

A ENEB resultou do esforço de muitas outras pessoas engajadas no movimento: Índio (de Recife), Ruth Cavalcante, Lia Albuquerque, Sanclair, Rosário, Terezinha Façanha, dentre tantas outras. A escola congregava todos os grupos de biodança do Nordeste. De sua primeira turma formaram-se: Ruth Cavalcante (CE), Terezinha Façanha (CE), Zulmira Bonfim (CE), Gorete (PE), Orlando Rocha (PE), Mira (PE), Tereza (PE), Cláudio (PE), Sanclair (MA) e Nádia (MA).

A Escola funcionava em forma de maratonas, realizadas a cada 45 dias, com a participação de Rolando Toro e de Cezar Wagner e congregou alunos oriundos de todos os estados do Nordeste do Brasil. Sua meta sempre foi sintetizar e consolidar a Biodança no Nordeste, transferir teoria e prática de Biodança a pessoas interessadas, tornar possível a profissionalização do facilitador de Biodança e promover a supervisão aos facilitadores licenciados de Biodança.O modelo da Escola Nordestina para construção, organização, aprofundamento e expansão da Biodança é adotado até hoje em toda a América Latina.

Em 1984, a filha de Rolando Toro, Verônica Toro e seu marido, Raúl Terrén, levaram, pela primeira vez, a Biodança à Europa, na França.

O Brasil é considerado o berço da Biodança: que bacana! Não é mesmo? E Em 1997, Rolando Toro voltou a residir no Chile. Hoje coordena as atividades do movimento Biodança em todo o mundo. Criou a Escuela Modelo de Biodanza e diversos cursos, entre os quais "Curso de Actualización y Formación de Didactas de Biodanza".

No ano de 2000, é publicada a edição italiana Biodanza e a portuguesa, no Brasil, em 2002.O primeiro livro publicado por Rolando Toro foi Projeto Minotauro organizado por Eliane Matuk. Atualmente, Claudete Sant'Anna, juntamente com Rolando, cuidam da administração e da coordenação das atividades da Biodança em todo mundo.A visão biocêntrica de mundo resultou na elaboração do princípio biocêntrico, seu paradigma de sustentação.


Essa nova compreensão de mundo vem promovendo mudanças culturais e metodológicas em várias dimensões de atuação do ser humano, influindo no mundo organizacional das empresas - melhorando qualitativamente seus processos relacionais humanos e da própria organização; na pedagogia - que originou a Educação Biocêntrica; nas atividades ligadas à saúde; e, principalmente, na atuação de cada pessoa que dela tenha conhecimento e nela se lance, tornando-se referência para possibilidades de mudanças de comportamento mais saudáveis.


Essa é uma pincelada da história... interessante ver as dificuldades que a Biodança encontrou, e ela também foi uma forma de protesto de libertação e uma busca dos direitos humanos através do corpo, da dança, do movimento, do amor, da solidariedade, da expressão... do pedido de paz e respeito à vida.





4 comentários:

Vidinha disse...

Oieeeeee
Tomei a liberdade de deixar um recadinho, pois to vendendo uma roupa de dança do ventre linda (importada). da Uma espiadinha no meu blog e qualquer coisa tenho como mandar foto por e-mail.

Natalia disse...

Eu queria aprender, buaa =/

Luciana Arruda disse...

muito legal teu resumo,conhecia muito superficialmente. depois conta mais do resultado nas alunas. e, post abaixo: paciência e segue. dançar é para poucos- somente os que sabem sentir e respeitar. nota zero para o pessoal hein?!

Simone * Zahira disse...

E bota nota zero nisso Lu...
mas não desisto tão fácil =)

bjos