quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Estilo


De acordo com Fayga Ostrower, estilo é:

O homem desdobra o seu ser social em formas culturais. O estilo por exemplo. O estilo não se refere só a determinada terminologia. Abrange a maneira de pensar, de imaginar, de sonhar, de sentir, de se comover, abrange a maneira de agir e reagir, a própria maneira de o homem vivenciar o consciente e as incursões ao inconciente. O estilo é forma de cultura. Seria de todo impossível preordenar as formas estilísticas, inventá-las, tão impossível quanto seria inventar formas de cultura ou modos de viver. Os estilos correspondem a visões de vida.

Coincidência demais esse tema com o curso da Lu sobre a criação do estilo, pena que dou aula de domingo e não poderei fazer. Mas é que esse assunto me interessa, já estava pesquisando sobre ele, e resolvi escrever somente agora. Portanto, discussões são vem vindas!

Ao meu ver a criação de um estilo próprio é um processo eterno, intuitivo, de pesquisa e muito trabalho. Tanto para nós da dança, como para todos os outros artistas das outras linguagens. É um caminho de busca para chegar a criação de um estilo próprio.

E esse estilo é mutável, como já diz a citação que coloquei no início. Pois depende da cultura.

Primeiro, acredito que devemos ser fiéis e sinceras conosco, nada melhor do que possuirmos um auto conhecimento, para poder criar - esse ponto é hiper importante.

Quando nos conhecemos e procuramos ser sinceras, delimitamos nosso campo de influência selecionando o que "gostamos", ou melhor, o que nos afeta de modo afetivo. Dessa forma, adicionamos os valores que julgamos ser importantes para nós.


Há quem goste de arte egípcia, renascentista, de música clássica e etc, porém há aqueles que não se identificam com nenhuma destas expresões artísticas. O que é melhor nesse contexto? O popular, ou o erudito? O moderno ou o clássico? Um estilo será desvalorizado por razões emocionais, de acordo com a personalidade da maioria?

Vamos a uma polêmica: na dança do ventre há as que falam "Sou estilo egípcio", " Sou estilo argentino" e etc... pra mim isso é uma bobagem, porque estamos no Brasil, esses estilos que temos como base já sofreram alterações, já que não são passados pelas próprias profissonais dos países, e nós no momento que decodificamos essas danças, já adicionamos nossos valores. Portanto, há mudanças, alterações e esse estilo já não é puro.

Eu prefiro dizer: estudo tudo, pego o que gosto e tenho uma tendência pro egípcio por isso, por aquilo e por ai vai.

Será que nossa opinião não está engessada nos moldes da sociedade em que vivemos, que já intitula que é vendavél, o que tem qualidade, de bom gosto, cultural e artístico? Como selecionar estilos a partir da técnica, subtraindo os sentimentos para criar o próprio estilo?

Parece um pouco impossível, mas é importante ver TUDO, ler de tudo, ouvir de tudo, sem discriminação, dessa forma teremos muitas referências que nos ajudarão selecionar as que nos identificamos para agregar um valor. O Abujanra dá essa dica, gostem ou não dele, ele é fera e a dica é ótima.

O assunto é enorme, e escreverei mais sobre a criatividade e criação no meu outro blog Novos Olhares, mas aqui já dei uma pincelada. E o importante, no meu ponto de vista, é:

1- Acreditarmos no caminho que escolhemos e nas nossas realizações;
2- Sermos fiéis com nossos valores;
3- Definir o que queremos mostrar, expressar com o nosso trabalho artístico;
4- Pesquisar e estudar TUDO - quanto mais melhor;
5- Seguir nossos gostos e vontades verdadeiros, não deixarmos nos levar pelo modismo, senão seremos as marionetes do sistema;
6- Procurar sempre ser autêntico;

No Novos Olhares, falei sobre a Dona Isabel, exemplo de uma artista que trabalhou muito pra criar seu estilo, e o melhor, sem nenhuma influência externa - seria uma contradição? Vale a pena ler!

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