terça-feira, 5 de julho de 2011

Afinal de contas: o que é dança do ventre?

Antes mesmo de lero blog da Vera e ver o movimento anti-ballet que está rolando no facebook, já pensava em escrever esse post, sobre esse assunto: Afinal, o que é a dança do ventre pura?

A verdade é que ninguém sabe, e o que dançamos hoje é uma dança que acreditamos ser Dança do Ventre - loucura! E nesses momentos lembro da frase do grande Nelson Rodrigues "A unanimidade é burra"! Pois é... odeio as verdades absolutas e as inflexibilidades das reflexões sobre algum assunto.

Na minha opinião é chover no molhado, e todos estão errados, aquelas que querem e lutam por uma dança do ventre limpa, pura, árabe, oriental e sem ballet ou qualquer outra influência - assim como aquelas que lutam pela fusão incorporando todo tipo de dança na nossa dança do ventre.

Vamos refletir:

Somos seres humanos inseridos numa cultura, e numa sociedade, senão seríamos todos Tarzans, Moglis e etc, nesse ponto vale lembrar que há uma diversidade cultural que são produzidas aqui por nós como também é trazida através dos meios de comunicação, graças à internet e globalização isso acelerou muito.

E nós próprios somos seres tão complexos, multis (como falo), com estilos e opiniões próprios e com um caminho que só nós sabemos... o artista possui uma busca, que só ele sabe, as vezes se perde, erra... mas é um processo importante e nunca chegará no fim.

Como podemos punir o artista que experimenta? Que busca seu estilo? Que estuda e deseja encontrar a perfeição?

Lembrei do que o Jorge Sabongi sempre fala: todo artista precisa de direção - é... senão a nossa viagem é muito grande e nunca voltamos né?! Mas isso é assunto pra um outro post.

Dessa forma, nem defendo as que querem uma dança do ventre pura, nem as que lutam pelas fusões. Defendo o artista que estuda, é serio, e cria seu estilo próprio de trabalho. Perceberam que nem entrei no termo bailarina? Estou usando artista!

Antes de ser uma bailarina, sou uma artista, porque estudo história da arte, da dança, das culturas e etc. Acho que isso é importante para mim e é a minha busca.

E toda esses baletts que vemos hoje na dança do ventre, veio com Saida e ela mesma afirma que foi uma fusão, ou seja não é apenas dança do ventre. As bailarinas que se encontram nesse estilo vão segui-la, mas não dá para pegar o que é lindo nesse estilo e acrescentar no seu?

Ela é linda, todas as brasileiras quando a viram queriam ser como ela, dançar como ela, não é verdade?! Virou uma febre e para mim o problema está em outras questões!

Gamal Seif, Yousry Sharif, Lulu Sabongi, Elis Pinheiro, Aysha Almée, Aziza, Randa, Kahina, Jullina, Amara, e outros mestres e mestras usam de forma equilibrada os arabesques, giros, braços... tudo tem que ter equilíbrio!

Não vamos colocar um passé em andeor, saltos, jetés né? A não ser que seja uma dança moderna... por que não? Tudo tem limite e bom senso!

Eu gosto dessa mistura, porque para mim acrescenta e me enriquece como pessoa e artista. Já fui daquelas que subia bem meus arabesques, hoje deixo -os mais baixos, uso braços bem diferentes para fugir desse paradigma. Estou numa outra "onda" mas não condeno meu passado.

Mas quando decido dançar um chorinho, uma sonata ou samba... mudo totalmente meu estilo. O público gosta e eu gosto!

Vamos parar de hipocrisia e respeitar as diferenças. Saber analisar! É claro que conseguimos diferenciar a bailarina que dança dança do ventre com influências positivas e as que dançam uma dança moderna com influência da dança do ventre.

Vamos usar o bom senso! Nossa cultura não pára, a cultura do corpo não pára, e só vamos parar quando o mundo acabar!

4 comentários:

Laísa Alcântara disse...

Concordo com praticamente tudo o que você escreveu Zahira, parabéns.
Sempre achei que o equilíbrio é a chave de tudo.

Simone Rocha disse...

Olá, adorei seu post.
Sua formação em História da arte fiocou muito clara em suas palavras. concordo com você quando fala das influencias externas, culturas, vivencias.
Esse fenômeno é mundial, somos completamente incluenciáveis, para o bem e para o mal. Cabe a cada um escolher seu caminho.

O que me deixa encucada e que além da cobrança interna, pessoal que nos fazemos, temos que ficar atentas as cobranças externas, que vezes nos machuca muito.

um grande beijo!

Unknown disse...

Pois é gente! Somos antes de tudo artistas, seres humanos inseridas numa sociedade... td evolui.

Não pode descaracterizar a dança do ventre, porém, é impossível deixá-la estagnada!

Nem o público gosta disso, me desculpe quem pensa o contrário... algumas bailarinas que estão sendo exaltadas, escuto de outras uma crítica negativa...

isso será outro post.

E é isso Simone, muitas e sempre, devemos nos preocupar tb com as avaliações externas, e isso é minha luta pessoal! Sou rebelde! kk

bjocas

Naznin disse...

Fiquei sabendo dessa onda contra o ballet na dança - parece que começou no Facebook, não? Mas também não entendo tamanha revolta. Acho que toda forma de dança feita com bom senso é bonita, e não dá pra parar no tempo.
Eu não estudo ballet, e portanto não tenho nenhuma base pra colocar na minha dança, mas admiro muito o trabalho da Kahina, por exemplo, que algumas pessoas criticam pela grande influência do ballet na DV. Mas ninguém pode dizer que ela não faça os dois muito bem - ela tem uma ótima técnica de quadril também... então, qual o problema, não é?

bjinhos