segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Um pouco da história da Música Árabe

Nós que dançamos sabemos como é rica a música árabe, e que devemos estudá-la para aprimorar o nosso desenvolvimento. Esse será o primeiro post sobre o assunto, e espero contribuir um pouco com os nossos estudos.

De acordo com Wafaaq Salman:
"A palavra Musica vem do grego Mousiki que significa a ciência de compor melodias. Qilm al-musiqa era o nome dado pelos Árabes para a teoria Grega da música para distingui-la de Qilm al-ghinaa que era a prática Árabe.

Veio da Grécia, o que hoje conhecemos como música, e os primeiros estudos e experimentos que influenciaram os árabes foram, no séc X a.C, de: Aristotenes, Themistius e Alexander Aphrodisiensis, Aristoxenus, os dois livros de musica de Euclid e os Harmonicos de Ptolomeu, todos que foram traduzidos para o Árabe como sabemos atraves de Al-Farabi.

Parece evidente, porém, o importante papel da matemática nas concepções teóricas. Suas origens costumam ser atribuídas a Pitágoras (século VI a.C.), que se baseou provavelmente em fontes egípcias e caldéias. As conclusões pitagóricas sobre a disposição dos intervalos, depois registradas por Euclides e Platão, atenderam plenamente às necessidades da música ocidental.

O primeiro árabe a estudar a ciência da música foi Chalil, no século VIII, depois o Al-Kindi (d.874), que acharam 4 livros, 3 estão em Berlim e 1 no museu em Bretão. Depois de um século, apareceu outro grande teórico, Al-Farabi (Abu Nasr Mohamed Bem Tarchan, 872 - 950). Seu Livro "Al'kitab Al'kabiir" incluia imensa e detalhada informação sobre musica e instrumentos musicais. Ele sim foi o grande teórico.
Wafaaq Salman:

"Al-Farabi era um bom matemático e físico, e isso possibilitou-o para fazer justiça ao que os Árabes chamavam Teoria Especulativa, até mesmo para não repetir os erros dos Gregos. Mesmo porque ele era algo mais. Ele era um músico praticante e podia apreciar a arte tão bem quanto a ciência, o que era mais do que Themistius podia fazer, assim como Al-Farabi mencionou por ele mesmo. Como um "performer" com uma reputação, ele podia trazer a arte prática para casar com as discussoes. Ainda mais, ele era mais abrangente que os Gregos em lidar com as bases fisicas do som, ele podia também fazer contribuiçoes valorosas para acusticas fisiologicas, as sensações da intonação, uma questão que os Gregos deixaram praticamente intocada."


A Teoria Musical

Uma das primeiras explicações formais sobre a natureza da arte musical reveste-se de caráter fantástico: é a idéia pitagórica segundo a qual o universo se constituiria de sete esferas cristalinas que emitem em seu movimento concêntrico as respectivas notas da escala em perfeita harmonia. Antigas teorias musicais. A música surgiu nas mais remotas culturas, para a celebração de acontecimentos festivos e litúrgicos.

Assim aparece nas antigas civilizações orientais que, como a chinesa e a indiana, conheciam e tiravam partido de sua capacidade de produzir êxtase coletivo. Tais conceitos e usos se propagaram ao Ocidente, até se cristalizarem nas escolas filosóficas gregas, em teorias não isentas de caráter místico e metafísico.

Até o século IX da era cristã, o esplendor alcançado pela civilização islâmica em diversos pontos de seu império permitiu um renascimento cultural inspirado em textos greco-romanos, sobre os quais se debruçaram várias escolas de tradução. Preocupada sobretudo com a perfeição melódica das composições, a cultura islâmica desenvolveu as formas vocais e os sistemas de afinação de instrumentos.

Consonância e dissonância. Até o século XX, os teóricos procuravam estabelecer uma classificação "objetiva" dos intervalos -- distância acústica entre duas notas, resultado da diferença de vibração entre elas -- em consonantes e dissonantes. Mas nenhuma definição desses termos foi consensualmente aceita, apesar das inúmeras tentativas de associar "consonante" a agradável, estável, suave, belo, e "dissonante" a desagradável, discordante, instável e feio. Não foi possível valorar de forma inequívoca um intervalo isolado, cujo caráter é alterado de forma considerável pelos sons que o circundam, o que faz com que aquilo que soa "instável" possa, dependendo do contexto, criar o efeito oposto.

Escalas musicais. Dá-se o nome de oitava ao intervalo entre dois sons em que a freqüência do mais grave é exatamente a metade da do mais agudo. A tradição ocidental estabeleceu 12 notas diferentes em uma oitava, dispostas em uma seqüência onde cada nota se distancia da anterior por um intervalo denominado semitom. Muitas culturas, como a indiana, a árabe e a africana, dividem a oitava de outras maneiras.

A escala árabe, com 17 sons, foi criada em Bagdá, um século depois, por Safi-Ab-Din, outro teórico.

Os primeiros Califas, depois de Maomé, eram expressamente contrários à música. Quando Maomé morreu, viviam em Medina três cantores famosos, Tueis, Adatal e Hit, e o Califa mandou castrar os três porque "ninguém deveria mais cantar, de tristeza pela morte do Profeta" Mesmo com toda a proibição e perseguição havia escolas clandestinas de canto em Meca e mesmo em Medina, onde era possível beber vinho, cantar e tocar instrumentos de música.

O principal instrumento musical árabe foi o Ud, de origem egípcia, depois levado para a Espanha. Lá. O al-Ud foi chamado de alaúde. Assim como o rebad foi chamado de rebeca, o viela de viola e o guiterna de guitarra.


Referências:
1. Enciclopédia do Islam Volume III L-R, editada por M. Houtsma, A.J. Wensinck,E.Levi-Provencal, H.A.R. Gibb et W. Heffening.
2. "Uma História da Musica Árabe", por Henry George Farmer, publicada por Lowe &Brydone, Haverhill, Suffolk, England, 1929.
3. "Musica Antiga e Oriental" por Egon Wellesz, publicado por Oxford University Press.
4. "Estudos em instrumentos musicais Orientais" por H.G. Farmer, London, 1931.
5. Artigo em "Musica Arabe" por Halim Dabh, The Arab World Magazine Jan.-Feb. 1966 (Arab Information Center, New York)
6. Artigo em "Musica no Oriente Médio" por Afif A. Boulos, Aramco World Magazine, Jan.-Feb 1966
7. http://www.oliver.psc.br/compositores/teoria.htm
8. http://www.tvebrasil.com.br/agrandemusica/historia_musica/musica_antiga.asp

3 comentários:

Ket/ Blair Boo disse...

Ahh eu simplesmente amei esse post *_*
Ah no twitter eu to no perfil Blair_Boo
^^

Luciana Arruda disse...

caramba! perfeito! já estou encaminhando, e imprimi para o marido ler - ele é músico! parabéns pelo post!

Ninha lua disse...

Preciso urgente da tradução da música Mohamed Abdel Wahab - Zeina.
Desde já agradeço.
Gina