sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Vida de bailarina: decepções e motivações

Quero primeiro agradecer à Verinha do blog amarelbinnaz por ter escrito a respeito da minha dança, e ainda ter colocado um vídeo meu. Isso é muito raro acontecer, uma bailarina elogiar a outra, e essa menina é assim, uma fofa que não poupa elogios à ninguém. Brigadão Vera, nesse bolero coloquei um pouco da Saida sim, mas depois de 7 meses minha dança já mudou horrores rs e acrescentei a Randa e o Yousry!

E são nessas horas, com essas pessoas que fico mais animada em continuar na dança do ventre. Confesso que nesses meses fiquei decepcionada e com vontade de largar tudo, já que tenho outra carreira em vista, quero seguir a pesquisa acadêmica e sou professora de artes também.

Vocês devem saber o porquê das desmotivações:

  • Profissionais desqualificadas (nem posso chamar de profissionais, já que devem ser alunas do primeiro ano), que dançam por um cachê miserável e acha que Dança do Ventre se aprende com pouco tempo.
  • Lugares que não pagam um valor mínimo de cachê, cobrando um couvert artístico e ainda dividido, ou seja, não chegamos receber nem 50% dele. Nem água nos dão, não possuem um camarim ou banheiro decente para nos arrumarmos.
  • Não é combinado a hora de entrar e a de sair, geralmente os shows atrasam, ou sempre pedem para dançarmos mais algumas. Em fim, uma hora de show vira 3 horas!! E o cahê é o mesmo!
  • Falta de controle na formação, já que a dança do ventre não é acadêmica. E em SP, o nosso SindDança é uma vergonha, porque temos DRT, mas não temos ninguém para intervir por melhorias de trabalho.
  • As escolas nos pagam o que querem, e da forma que querem. Uma verdadeira exploração. Nisso fiquei livre porque tenho meu estúdio, mas e as outras?
  • Sem reconhecimento: já pensaram quanto foi gasto de tempo e dinheiro na sua formação?
  • Já cansei desses concursos e avaliações que não nos passam as notas por escrito e nem os critérios de avaliação. Só sabemos que não passamos.
  • Minha indignação com a Noite da Conquista: pensei que fosse uma média, mas não... se um avaliador te der uma nota abaixo de 6, você já está fora. E as notas? Não deveriam estar registradas e ser entregues para cada participante, afinal paga-se $150,00 para ser avaliada!! Depois ainda temos que correr atrás dos caras pra saber sua avaliação da nossa dança.
  • A classe não é unida para exigir os direitos e saber seus deveres.
Infelizmente isso é geral no mercado das artes no Brasil, um país de terceiro mundo que não valoriza os artístas e não cria incentivos para ninguém. Quem consegue os formentos são sempre os mesmos, e por ai vai. Só que eu vejo que nós somos as mais prejudicadas já que nosso mercado é menor, fechado e dependemos sempre das mesmas pessoas e lugares.

Vou até colocar uma parte de um texto do meu amigo músico o Gabriel Nanni, que também escreveu sobre sua indignação, em seu My Espace:

"Olá a todos, espero que tenham começado 2010 muito bem!
 Estou postando este para lhes dizer o quão desagradável, triste, bagunçado, individualista e irritante é este esquema de "pagamento" do músico nos bares de São Paulo, claro que me limito a comentar aqui apenas o meu estado atuante (SP). Este tipo de bagunça deve ocorrer em outros estados também. A alguns anos existiu um ruído sobre consumação mínima em bares, isto é óbviamente ilícito segundo o art. 39 do código de defesa do consumidor:
nenhum fornecedor pode impor limites quantitativos de consumo aos seus clientes. O fato meus senhores e senhoras é que como os donos de Bares não querem ficar para trás neste montante monetário convidativo a solução encontrada é claro cobrar o couvert artístico e "abocanhar" 100% deste. Ora, quão fácil, prático e prazeroso eu enquanto dono de bar noturno captar todo o dinheiro gerado deste couvert, já que a classe é desunida e não tem amparo algum de lei.
SE o músico reclamar ou exigir o correto não haverá próxima vez para ele, já terá outro músico ou picareta em seu lugar cobrando metade do valor fixo e possívelmente sem saber do tal couvert.
O que fazer? A quem recorrer? Deixo aqui minhas reclamações pois é fato que a dois anos e meio compareço todas as sextas me apresentando em determinado bar em São Paulo e sou vítima de tal estelionato. Imagino eu o que acontece também com meus colegas de trabalho em outros recintos adversos na noite paulistana e outros estados, creio eu. Deixo aqui meu comentário sobre.
Comentem, divulguem e movam-se para uma melhor classe artística. Obrigado e tenho dito"

5 comentários:

Marcelly disse...

Oi Zahira, lindo blog !
Eu vi seu vídeo no blog amar el binnaz, e sim, vc dança lindamente, rsrs !
Parabéns !

Cybele disse...

Olá! Zahira, tudo bem?

Vi seu link no blog da Luana Mello, e vim verificar, afinal, ela não lê qualquer coisa..rs..

Esse seu post revela muito do que sinto em relação a dança tb. É muito triste ver que para aparecer tem "bailarinas" que fazem qualquer coisa.

Infelizmente o Brasil não tem o hábito de valorizar a cultura, e sim, uma bunda dançando o créu no BBB e até quem trabalha com Dv boicota outras bailarinas por pura vaidade. Isso realmente cansa.

Mas não desista, não consegui ver seus videos, pq meu pc demora uma eternidade pra carrega-los, mas suas fotos estão maravilhosas, e quem faz dança realmente por amor, e não por comércio apenas, é muito mais feliz.

um grande beijo

Barbara Cósmica disse...

Oi Zah.
Mandou bem no post!!

Agora seu link tá atualizado! ;)

bjs

Aisha J. disse...

Poxa vida!!!
Embora as palavras do seu amigo doam em mim também, confesso que acho que já me sinto privilegiada em fazer parte de uma geração que pode por a boca no trambone.

A situação é uma m____, mas assim como no meio da dança do ventre, já existem grupos de pessoas que sabem militar em pró da arte e que vão colaborar com uma nova postura no futuro.
Um artista não precisa passar pelas regras do Faustão para ser sucesso, a internet quebrou muitos tabus.

Lembro de quando a Lu Mello sacudiu o nosso mercado com seus posicionamentos fortes....ela incomodou um monte de peixe grande, mas acabou abrindo portas para um novo tipo de debate, que antes era quase "proibido".

Vamos sim achar espaço para nossa bandeira: A DO RESPEITO.

Adorei o texto....
beijokas

Unknown disse...

Si, exatamente isso muito bem colocado fazemos parte de uma classe sem união, onde maioria não tem qualificação e total despreparo para atuar no mercado, dançam sim sem cachê já presenciei muito isso sem contar que os bares insistem nas mesmas caras cópias de sempre.
Precisamos criar grupo de pessoas qualificadas e preparadas para lutar contra essa situação geral.
bjs